terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A alegria na tristeza.

O título desse texto na verdade não é meu, e sim de um poema do uruaio Mario Benedetti. No original, chama-se "Alegría de la tristeza" e está no livro "La vida ese paréntesis" que, até onde sei, permanece inédito no Brasil. O poema diz que a gente pode entristecer-se por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la.
Pode parecer confuso mas é um real. Olhe para o lado: estamos vivendo no mundo onde pessoas matam para se divertir. Os que possuem um amorr desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado num cama, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir. Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. (y)
Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora. Sentir alimenta, sentir ensina. Fazer é muito barulhento. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites. Até parece que sentir não serve para subir na vida. Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda da pasta de dente, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, doença contagiosa, um estacionamento proibido. mas a introspecção é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que dá para conversar melhor com os nossos botões. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada.
Triste é não sentir nada!

Xoxo,
Josy Caldas :*

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