Demorei uns dias pra conseguir vir até aqui.
Não que não quisesse, mas eu precisava saber mais de você do que já sabia. Também precisava ouvir tudo o que lembra você e isso leva tempo. Por isso, talvez, o que te escrevo já não seja mais simétrico.
Talvez, nem deveria ser. Não pra você, que ouvia música como se pudesse olhar pra ela. Eu te conto pros outros. Eu te mostro pra quem não te conheceu. Empresto-te o que nem é meu de fato. Empresto-te pra minha maldita esperança.
Enquanto a chuva me molha e apaga meu cigarro, o peito dói, e eu sei, a culpa é minha. Queria muito te ter aqui agora, mesmo sabendo que se estivesse me ouvindo agora, me ignoraria.
E sim, me culpo por não te deixar ir embora. Me culpo por não conseguir te tirar de mim, me culpo por não conseguir te esquecer, eu não consigo te lavar da minha pele. Ainda não sei ficar um dia sem pensar em você.
“... O que é que eu posso contra o encanto,
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto e que, no entanto,
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes, velhos fatos,
Que num álbum de retratos
Eu teimo em colecionar.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário